sábado, 23 de julho de 2011

Londres



Meu amigo, Charlie ...


Os dias em Londres não têm sido fáceis

Ando sem rumo pelas ruas com meus casacos e meus cigarros

Eu estou tão só e perdida ...

Agoras todas as noites eu desligo a Tv mais cedo

Ligo o rádio e deixou tocar um blues

Pego um cigarro e uma dose de whisky

E fico pensando na vida e nas voltas que ela dá

E quando me dou conta, a saudade parece me sufocar

Saudade da infância, dos amores

Saudade da vida no campo, das flores

Saudade de quando a vida era tão simples

E eu não conhecia o sofrimento

Era tudo tão leve ... parecia voar quando eu corria contra o vento

Mas tudo mudou tão rapido depois do último verão

Aquela menina virou uma mulher

Aflorou o coração e teve seu primeiro amor

Não vou me esquecer nunca, Charlie

Do meu amor e de nossas noites.

Era inverno em Londres

A neve parecia cair em câmera lenta

O jantar a luz de velas, os melhores vinhos

Depois as conversas ... nos embriavamos e contavamos

Os segredos mais íntimos, e não viamos a hora passar

Riamos de todos e de tudos, riamos da vida ...

Quando o rádio parou de tocar

E a única música era o som dos nossos beijos, o som do prazer ...

Lá fora nevava, mas aqui, aqui escorria suor

Suor de um corpo quente, numa madrugada fria, fria como a de Londres ..

Mas depois ele foi embora

E tudo voltou a ser como antes

Como a solidão dos amantes.

Charlie, eu estou tão cansada

Eu tenho esperança, mas às vezes cansa

Os dias são tão iguais, são tão banais

Eu, meu cigarro, meu whisky, cocaína e um blues,

Mas no próximo mês o inverno em londres acaba

E vai dar espaço a primavera

Talvez, a vida fique mais colorida

O cheiro das flores...

Quem sabe eu viva outros amores

Uma paixão que esteja por ai, escondida

Quem sabe eu volte a sonhar algum sonho que eu tenha perdido

Quem sabe a vida volte a fazer algum sentido

Enquanto isso não acontece, Charlie

Eu deixo o rádio tocar o velho Blues

Até o peito apertar de saudade

E fico vendo da minha janela a vida passar

Com meu cigarro e meu whisky ...

Esperando, Charlie

O inverno de Londres acabar.


De sua amiga,


Liz.



quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cazuza

Ao poeta que me fez cantar
Que me ensinou que é cantando que a gente inventa, um romance uma saudade, uma mentira
E o melhor: É CANTANDO QUE A GENTE FAZ HISTÓRIA
Mesmo que seu SEX E DRUGS não tenha nenhum rock n' roll
Me ensinou o quanto é importante MOSTRAR SUA CARA
Mesmo que você seja um careta que viva se escondendo no seu quarto, por trás das paredes
Mas você está vivo e esse é seu espetaculo
Porque O TEMPO NÃO PÁRA e não temos tempo a perder
Já que vida, a vida é louca, a vida é breve
E você tem que viver com tudo, sem medo atrás dos seus sonhos
Porque Quem vem com tudo não cansa / quem tem um sonho não dança, baby
E mesmo que você seja um cara pirado que vive rodando de bar em bar
Querendo sempre mais uma dose, só não se esqueça que:
O amor um dia chega, irmão, mesmo pra um cara pirado que só sabe ficar
Tomando pinga, cantando rock, contando vantagem
E um dia você vai querer A sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida
E se um dia você encontrar esse amor, largue tudo
Mesmo que seja Carreira, dinheiro e canudo
Mesmo que você tenha que mendigar, roubar e matar
Viva esse amor como se pra você fosse tudo ou nunca mais
E você se encontra e diga: Eu tô perdido, sem pai nem mãe, bem na porta da sua casa
E to pedindo a tua mão e um pouquinho do braço
Vá, mesmo que perdido e não se esqueça de levar mil rosas roubadas
E diga: Eu preciso dizer que eu te amo, porque o nosso, o nosso amor a gente inventa
E se esse amor acabar e você dizer: Ele nunca existiu
E você se sentir down em mim
E e da privada você de com a sua cara de babaca pintada no espelho
Sorria e lembre-se: O banheiro é a igreja de todos os bebados
E você quebre garrafas e morra de chorar
Lembre-se que o poeta um dia disse: O amor na prática é sempre ao contrario
E que a vida é assim Partidas, chegadas,
Porque Viver é Bom, solidão? que nada!
E que você tem que estar sempre por um triz, pro dia nascer feliz
E ele também me ensinou muito mais
Me ensinou a transaformar o tédio em melodia
E que você tem que viver como os ignorantes
Que são mais feliz porque não sabem quando vão morrer
Porque um dia você pode ter seu encontro marcado
E descobrir que ... o tempo não pára e a gente ainda passa correndo
Que está gravida e não pode esperar
E tragicamente descobre que o jeito que ficar pra sempre na terra
É ter filhos e comprar uma fazenda, porque discos arranham e quebram ...
E que uma hora você acaba se tornando um cara cansado de correr na direção contraria
Mas que você não pode deixar que pensem que você está derrotado,
Mostre que ainda está rolando os dados
E berre: ENTÃO VAMOS PRA VIDA
E no fim, mesmo que vencido, mas ainda não entregue
Você vai lembrar de toda a sua vida e vai sorrir ironicamente e dizer:
Nosso crime não compensa, mas isto também Faz parte do meu show
Então, você toma o seu trêm pras estrelas, porque morrer não dói
E ao chegar lá a primeira coisa que você vai dizer é:
Senhor, piedade
Por toda essa gente careta e covarde!



Em homenagem a Agenor de Miranda Araújo Neto, Cazuza