Meu amigo, Charlie ...
Os dias em Londres não têm sido fáceis
Ando sem rumo pelas ruas com meus casacos e meus cigarros
Eu estou tão só e perdida ...
Agoras todas as noites eu desligo a Tv mais cedo
Ligo o rádio e deixou tocar um blues
Pego um cigarro e uma dose de whisky
E fico pensando na vida e nas voltas que ela dá
E quando me dou conta, a saudade parece me sufocar
Saudade da infância, dos amores
Saudade da vida no campo, das flores
Saudade de quando a vida era tão simples
E eu não conhecia o sofrimento
Era tudo tão leve ... parecia voar quando eu corria contra o vento
Mas tudo mudou tão rapido depois do último verão
Aquela menina virou uma mulher
Aflorou o coração e teve seu primeiro amor
Não vou me esquecer nunca, Charlie
Do meu amor e de nossas noites.
Era inverno em Londres
A neve parecia cair em câmera lenta
O jantar a luz de velas, os melhores vinhos
Depois as conversas ... nos embriavamos e contavamos
Os segredos mais íntimos, e não viamos a hora passar
Riamos de todos e de tudos, riamos da vida ...
Quando o rádio parou de tocar
E a única música era o som dos nossos beijos, o som do prazer ...
Lá fora nevava, mas aqui, aqui escorria suor
Suor de um corpo quente, numa madrugada fria, fria como a de Londres ..
Mas depois ele foi embora
E tudo voltou a ser como antes
Como a solidão dos amantes.
Charlie, eu estou tão cansada
Eu tenho esperança, mas às vezes cansa
Os dias são tão iguais, são tão banais
Eu, meu cigarro, meu whisky, cocaína e um blues,
Mas no próximo mês o inverno em londres acaba
E vai dar espaço a primavera
Talvez, a vida fique mais colorida
O cheiro das flores...
Quem sabe eu viva outros amores
Uma paixão que esteja por ai, escondida
Quem sabe eu volte a sonhar algum sonho que eu tenha perdido
Quem sabe a vida volte a fazer algum sentido
Enquanto isso não acontece, Charlie
Eu deixo o rádio tocar o velho Blues
Até o peito apertar de saudade
E fico vendo da minha janela a vida passar
Com meu cigarro e meu whisky ...
Esperando, Charlie
O inverno de Londres acabar.
De sua amiga,
Liz.